Dicas Campinas

Coronavírus: A moda e a pandemia.

Share on facebook
Share on pinterest
Share on twitter
Share on email
Share on print

Victor VIRGILE / Colaborador / Getty Images

Tenho observado há um tempo que as narrativas comportamentais estão doentes, a indústria da moda está doente, o sistema está doente, aliás, todos nós estamos doentes. Antes de toda catástrofe mundial de saúde pública e governamental a moda já estava em processo de mudanças. As peças baratas nascidas de formas desonestas já não estavam mais agradando os olhos dos compradores, as trocas de coleções já não tinham aquele desejo como antes, a moda de antes já não estava tão mais na “moda”. Este repensar no consumo já estava sendo trazido por movimentos que visam fazer as pessoas olharem para o interior, verem o que de fato necessita e o que é por prazer ou puro luxo, movimentos pedindo por transparência em todos os processos na moda e desaceleração por conta da destruição do meio ambiente.

Os impactos na moda tiveram início na Itália devido ao Covid-19, já que foi um dos países mais afetados pelo vírus. Em Milão, onde acontece anualmente a semana de moda em fevereiro, mudou o formato rapidamente como, por exemplo, Giorgio Armani fez o desfile de portas fechadas transmitindo-o em plataformas on-line para evitar aglomerações. Outras marcas como À La Garçonne também adotaram o formato, e outras como A.P.C cancelaram seus desfiles. Todos repensaram se valia a pena o risco e tomaram essa decisão pensando no coletivo. Grifes de luxo como Saint Laurent, Gucci e Balenciaga estão fabricando cerca de três milhões de máscaras para doação para conter o coronavírus, além de doações em dinheiro como a marca Moncler, que doou 10 milhões de euros para apoiar as pesquisas sobre o Covid-19. O grupo LVMH conhecido por ser especializado em artigos de luxo, começou a fabricar em março grande quantidade de álcool em gel para serem doados a hospitais.

Fachada em Hong Kong Foto: SOPA Images/LightRocket via Getty

Com toda a certeza o mercado teve uma queda estrondosa dos produtos, afinal quem tem desejo de consumir nesse momento trágico? Lojas físicas fechadas e quedas salariais. Porém, para aqueles que buscam comprar algo novo, as vendas na internet e delivery estão transformando os modos de consumo.

Todos estão em isolamento social, tendo assim a oportunidade de olhar para dentro de si mesmos e rever o que precisa ser mudado, ninguém sai de uma crise sem rever os valores, o que pode-se melhorar como ser humano e para com a sociedade. 

Foi desperto um senso de solidariedade, de comunidade e de consumo e agora já não seremos mais os mesmos. O capitalismo precisa reduzir imediatamente seus processos, e agora de forma forçada terá que ser readaptado.

“É preciso mudar. Essa crise é uma oportunidade para devolver valor à autenticidade, de tirar o supérfluo, de encontrar uma dimensão mais humana… Esta é talvez a lição mais importante dessa pandemia.” Giorgio Armani

“Falar de qualquer outra coisa – enquanto morrem pessoas, médicos e enfermeiros arriscam as suas vidas e o Mundo está a mudar para sempre – não é o ADN da Vogue Itália”, explica a publicação. Por isso, colocaram na gaveta o projeto que tinham planejado e começaram uma nova edição. A escolha de uma capa em branco não se deve à falta de imagens, explica ainda a revista. Bem pelo contrário. “Escolhemos porque significa muitas coisas ao mesmo tempo”, desde respeito a renascimento, passando pela luz após a escuridão. Branco é também a cor das roupas de quem salva vidas, representa paz e tempo para pensar e estar em silêncio.

A Vogue Itália lembra ainda que branco foi a cor adoptada após a crise de 1929 como expressão de pureza no presente e esperança no futuro. “Acima de tudo: branco não é rendição, mas uma folha nova à espera de ser escrita, a primeira página de uma nova história que está prestes a começar”, explica ainda a revista.

Com um olhar positivo e otimista este é o momento de aprendermos a ser mais coletivos, voltar aos “velhos” hábitos. Este é o momento para as fábricas e estilistas reutilizarem produtos de outras coleções, até porque, tudo ficará caro ou em falta, valorizar a mão de obra de produtores e costureiras e aplicar a sustentabilidade. É o momento das marcas agregarem mais valor aos seus produtos. O consumidor agora é mais consciente, ele conhece a possibilidade de garantir o que quer sem ter que sair de casa, aproveitar essa oportunidade desse novo olhar é acertar na nova forma de fazer negócio.

“Tenho muito orgulho de todo o sistema da moda. Muitas indústrias estão usando seus conhecimentos, capacidade e recursos para inventar e fabricar coisas que a comunidade médica precisa nesse momento. Estou muito feliz que o mundo da moda reagiu à essa situação com a produção imediata de máscaras. Não só as grandes grifes como Dior, Armani e Prada, mas também marcas menores. É lindo o que está acontecendo.

O importante para mim é manter uma visão otimista e focar na importância do trabalho em equipe e da solidariedade. Tenho orgulho que na moda esse é um valor tão forte. Podemos usar esses princípios para fazer algo positivo. É um papel pequeno, mas juntos podemos fazer uma grande diferença.” Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da Dior

Agora é o momento de ganhar relevância na vida das pessoas e ser mais que uma marca, precisamos sinalizar um novo caminho para a moda.

Gostaram do artigo? Compartilhe com as amig@s e nos ajude á crescer!

 

 Texto: @najapaulino Naja Paulino 26, Campinas – Cursando Têxtil e Moda, gosta de escrever, modelar e costurar. Especialista em moda sustentável e apaixonada pelo movimento slow fashion, acredita que Moda é movimento, linguagem, expressão é liberdade.

Edição: Rebecca Lorenzetti – @beccalorenzetti 

 

Coronavírus: A moda e a pandemia.

Adriana Duarte

Nascida e criada em Campinas, Adriana é formada em Marketing, e sempre esteve atenta a tudo que está acontecendo na cidade e região. Então, resolveu criar o Dicas Campinas para compartilhar todas as experiências vividas neste ambiente que tanto ama.

Recentes